O modelo de mega-extrativismo mineral que pretende se instalar no Rio Grande do Sul nos próximos anos é uma ameaça não só ao meio ambiente, à biodiversidade, à saúde da população e à diversidade econômica regional, como também ao modo de vida de comunidades tradicionais de agricultores familiares, pescadores artesanais, indígenas, quilombolas e outras populações. O alerta foi feito nesta quarta-feira (17), pelo biólogo Paulo Brack, professor do Departamento de Botânica, do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e coordenador geral do Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais (InGá), durante um debate sobre o avanço da mineração no RS, realizado na Assembleia Legislativa gaúcha. A atividade foi promovida em parceria com a Fundação Luterana de Diaconia (FLD), a Cooperativa Central dos Assentamentos do RS (COCEARGS), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), com o apoio do Conselho Estadual de Direitos Humanos do RS (CEDH). “Há um modelo mega-extrativista chegando ao Estado, especialmente na região do Bioma Pampa, querendo se implantar em áreas onde o agronegócio ainda não conseguiu chegar”, resumiu Brack. A associação da mineração com o agronegócio não é por acaso. Para o biólogo, há uma articulação entre mineração, agronegócio e hidronegócio em torno de um modelo que promete emprego, renda e progresso quando, na verdade, é um modelo de contra-desenvolvimento que ameaça a biodiversidade e a sociobiodiversidade. Um dos principais empreendimentos desse modelo, abraçado pelo atual governo estadual, é o projeto da empresa Copelmi Mineração para extrair carvão a céu aberto em uma mina entre os municípios de Eldorado e Charqueadas, às margens do rio Jacuí. “A fusão da Secretaria Estadual do Meio Ambiente com a Secretaria de Infraestrutura não foi por acaso”, observou Brack, referindo-se a um dos primeiros atos do governo Eduardo Leite (PSDB).

Além do projeto da Mina Guaíba, o professor da UFRGS destacou outros três grandes projetos de mineração que pretendem se instalar no Estado. O projeto Três Estradas, da empresa Águia Metais, associada à mineradora australiana Águia Resources Limited, prevê a extração de fosfato a céu aberto em Lavras do Sul, por meio de práticas de perfuração e detonação. O projeto Retiro, nome da primeira comunidade de São José do Norte que seria atingida pela mineração, pretende explorar cerca de 600 mil toneladas de minerais em uma área de aproximadamente 30 quilômetros de extensão por 1,6 quilômetros de largura, localizada entre a Lagoa dos Patos e o Oceano Atlântico. Já o “Projeto Caçapava do Sul” prevê a implantação de uma mina para a produção de 36 mil toneladas de chumbo, 16 mil toneladas de zinco e cinco mil toneladas de cobre, por ano, às margens rio Camaquã.

A íntegra das informações está disponível no site Sul21.

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