Com o domínio das grandes plataformas digitais, como Google, Facebook e Twitter, que passaram a exercer a função de intermediários dos fluxos de informação, funcionando a partir de algoritmos desconhecidos, que coletam dados dos usuários, e que entregam conteúdos para que estes permaneçam cada vez mais tempo nessas mesmas plataformas, institui-se um “caos informacional” em que não é mais possível dialogar com o diferente, colocando em risco a democracia. É como analisa a coordenadora do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Renata Mielli. “A gente vivia um momento da comunicação que era racional, e passamos para um momento em que é totalmente irracional“, afirmou Renata, em debate realizado nesta segunda-feira (29) no Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé, na região central de São Paulo. Segundo ela, essas plataformas nos mostram aquilo que “a gente concorda e gosta”, baseados em perfis emocionais dos usuários, nos colocando em “zonas de conforto”, onde nenhum debate é possível.

“A modelagem econômica dessas plataformas rompeu qualquer possibilidade de debate público. Ninguém mais dialoga entre diferentes. Ocorre que qualquer democracia pujante precisa de um mínimo de desconforto e diálogo”, afirmou a coordenadora do FNDC. Antes, na fase “analógica” da comunicação, o acesso à imprensa era absolutamente restrito e limitado, mas as regras do jogo eram conhecidas. “Sabíamos como iam editar a notícia no Jornal Nacional para manipular a informação, como construíam as manchetes, como selecionavam o que virava notícia. A gente denunciava tudo isso”, ressaltou. Agora, sequer conhecemos as regras. Ela acusou a falta de transparência do funcionamento desses novos distribuidores da notícia. “Não sabemos quais são os parâmetros que utilizam para definir o algoritmo. Sabemos menos ainda como esses algoritmos aprendem. Vamos ficando cada vez mais reféns de uma plataforma que não tem nenhum compromisso com a liberdade de expressão e com o debate democrático.”

Ao “caos informacional” causado pela fragmentação da comunicação, soma-se,  a atual crise civilizacional e econômica. A saída, segundo Renata, é reconstruir pontes que restabeleçam o diálogo democrático. “Precisamos reconstruir pontes de diálogos na sociedade. Quando falamos em liberdade de expressão, não estamos falando apenas no direito de produzir e distribuir conteúdo em qualquer plataforma. As pessoas precisam ouvir, ler e compreender o que estamos falando. Temos que refazer a roda, num processo de reorganização da comunicação”.

A íntegra das informações está disponível no site Rede Brasil Atual.

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