O município de Monteiro, o primeiro da Paraíba a receber as águas da transposição do Rio São Francisco, foi palco de uma festa, não na inauguração oficial, com a presença do presidente não-eleito Michel Temer (MDB) e outras autoridades, mas dias depois, na inauguração popular com a presença dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff (ambos do PT), e mais 50 mil nordestinos, em março de 2017. A cidade paraibana, no entanto, teve o bombeamento de água interrompido pelo governo Jair Bolsonaro (PSL) há seis meses, em fevereiro. O governo federal aponta como motivo a necessidade de obras de reparo na barragem Cacimba Nova, em São José do Belmonte (PE). Sem uso, acumulando apenas água das chuvas e exposto ao sol, hoje o trecho paraibano se mostra deteriorado.

Em junho deste ano, o Congresso Nacional aprovou um projeto que autoriza o Executivo Federal a obter crédito extra de quase R$ 250 bilhões, dos quais R$ 500 milhões seriam destinados a concluir as obras da transposição. Mas, apesar disso, o ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, afirmou que não tem como estabelecer prazos para retomar as obras e concluir a transposição. Na mesma audiência, a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), declarou que os reservatórios potiguares estão perto do zero. “Digo isso para ressaltar a importância que essa obra tem para nós, do Nordeste e do nosso estado”, afirmou.

Neste mês de agosto, o governo Bolsonaro chegou a afirmar que a megaobra de infraestrutura pode ser privatizada ou gerida através de uma Parceria Público-Privada (PPP). O presidente afirma que manter a obra em operação tem um custo elevado. Apesar do custo de operação passar dos R$ 250 milhões ao ano, a transposição também tem perspectiva de arrecadar recursos com a venda de energia produzida pelas águas e placas fotovoltaicas ao longo dos canais.

O ex-governador paraibano Ricardo Coutinho (PSB) reclama do argumento do custo e da paralisação das obras, que está atingindo em cheio o seu estado. “A transposição custou R$ 12 bilhões, para beneficiar 12 milhões de pessoas no semiárido nordestino. Então, essa obra custou R$ 1 mil por cada pessoa beneficiada. E se dividirmos pelos 10 anos que durou a obra, dá menos de R$ 100 por pessoa – é menos que o Bolsa Família paga no mês”, argumenta. “Não se pode dizer que uma obra dessa é cara”, conclui Coutinho.

Políticos nordestinos também têm refutado o argumento econômico, lembrando que no início de agosto, na votação da reforma da Previdência em 2º turno, os deputados bolsonaristas aprovaram um desconto de R$ 84 bilhões em benefício de grandes produtores rurais e exportadores.

A íntegra das informações está disponível no site Brasil de Fato.

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