O avanço da vacinação contra a covid-19 e a flexibilização das restrições da pandemia na Capital tem feito com que o porto-alegrense volte a se reencontrar com a Cinemateca Capitólio, um dos espaços culturais mais valorizados na cidade. As sessões de cinema diárias costumam atrair um bom público e novos projetos voltaram a ser desenvolvidos, como a mostra Filme como um objeto no espaço: Um olhar sobre acervos de cinema, que ao longo de dois fins de semana e 10 sessões de cinema apresenta um levantamento de 11 projetos recentes de preservação e restauração de filmes de todo o mundo.

Outra mostra em cartaz chama-se Cinema Chris Marker, com sete obras do realizador francês, incluindo filmes marcantes como Carta da SibériaLa JetéeO Fundo do Ar é Vermelho e Sem Sol. Há ainda o trabalho de alfabetização audiovisual com alunos de escolas, a galeria de exposições e toda a vasta rotina de preservação e memória do acervo da Cinemateca, com mais de 60 mil itens catalogados.

A Cinemateca Capitólio está a mil e agradando o público. Porém, toda a diversificada programação colocada à disposição dos frequentadores esconde o difícil cotidiano de uma equipe pequena, obrigada a se desdobrar para dar conta das múltiplas tarefas exigidas. Preocupada com a situação, a Associação de Amigos da Cinemateca Capitólio (AAMICCA) iniciou uma série de conversas e articulações para jogar luz ao problema e sensibilizar a gestão da Secretaria Municipal de Cultura (SMC). O objetivo é agregar pessoal à equipe do espaço, que nos últimos anos tem perdido funcionários por aposentadoria, transferências ou novos rumos, sem que haja a devida reposição.

Assim, a Cinemateca Capitólio vive dias paradoxais: vista de fora, oferece diariamente ao público uma programação elogiada; por dentro, tais elogios só são possíveis graças ao esforço de poucos abnegados trabalhadores. “As saídas não foram repostas, o pessoal tá diminuindo e se continuou tendo as mesmas tarefas. O sucesso mascara a situação e cria mais esforços para os funcionários”, comenta Luiz Antonio Grassi, presidente da AAMICCA.

O processo de restauração do prédio construído em 1928 e a criação da Cinemateca a partir de 2001 formou na ocasião uma equipe bem preparada, que passou inclusive por treinamento na Cinemateca Brasileira. O trabalho no acervo de conservação da memória audiovisual do Rio Grande do Sul exige técnica e conhecimento específico. A conservação de filmes de película, por exemplo, é frágil. Com o passar dos anos, todavia, a equipe inicialmente qualificada tem diminuído.

Além de questionar a falta de pessoal, a AAMICCA pretende fazer esse trabalho de bastidores da Cinemateca Capitólio ser mais conhecido, tanto o que é feito no acervo quanto na área educativa. Para alcançar o objetivo, planeja engajar mais a sociedade e pressionar a Prefeitura. “De um lado é a negociação de gabinete, e de outro, a sociedade tem que se mobilizar. Se for preciso, vamos às ruas”, afirma Grassi.

A cobrança por novos funcionários, entretanto, traz o receio de que o governo do prefeito Sebastião Melo (MDB) possa retomar a ideia de terceirização da Cinemateca, como chegou a ser proposto pelo ex-prefeito Nelson Marchezan (PSDB). Para o presidente da AAMICCA, a gestão pública é um elemento fundamental a ser mantido.

As informações são do site Sul21.

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