Ministério da Cultura (MinC) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) lançaram na última quinta-feira (1), em Brasília, o projeto Redes de Formação em Cultura Digital – Labic Brasil 2024. O projeto tem o objetivo de apoiar coletivos e pesquisas que contribuam para o combate a desinformação e fake news, e promovam ações de diversidade e cidadania em fortalecimento à democracia brasileira. O evento foi realizado no Memorial Darcy Ribeiro, da Universidade de Brasília (UnB).

A mesa de abertura, intitulada Democracia Hackeada: Cultura Digital e Redes de Combate à Desinformação, contou com a participação de representantes do MinC e vinculadas, além de professores da UNB e da UFRJ para discutir a crise das mídias. O debate se concentrou na construção de redes para combater a desinformação, ampliação dos repertórios culturais e produção de conteúdos críticos.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil, Alexandre de Moraes, fez uma participação em vídeo na abertura do evento. Segundo ele, as pessoas devem ter o direito de ter informações necessárias para escolher os representantes do país, por isso a desinformação é prejudicial à democracia. “Não há nada mais sagrado numa democracia do que a vontade livre e consciente do eleitor. O que não é possível é a utilização desse mecanismo de desinformação com discursos de ódio, com discursos fascistas e discursos nazistas no sentido de direcionar a vontade do eleitor. Infelizmente nós podemos perceber que de anos para cá as redes sociais vêm sendo instrumentadas no sentido de desvirtuar a livre vontade do eleitor”, afirmou. O ministro do Supremo ainda complementou: “Seminários e discussões como essas poderão possibilitar que o nosso Congresso Nacional legisle, no sentido de responsabilizar as redes sociais da mesma maneira que são responsabilizadas as mídias normais à nossa Constituição”, disse.

Márcio Tavares, secretário-executivo do MinC lembrou que historicamente vivemos no Brasil um conflito entre as desigualdades e a possibilidade de sonhar outros mundos, e o Ministério da Cultura foi recriado num contexto de reconstrução da democracia. “Não existe democracia se a cultura não estiver no centro do pensamento democrático. A cultura vem para afirmar que a diversidade é a potência que faz com que a partir das nossas diferenças a gente consiga soluções alternativas e vislumbrar outras possibilidades de convívio na sociedade. Uma sociedade que está ambientada numa cultura de paz e de solidariedade”, declarou.

Ainda para Márcio Tavares, o letramento digital é extremamente importante para confrontar governos e interesses que ameaçam a democracia. “O Brasil precisa fortalecer a sua democracia e caminhar de forma substantiva em que a cultura seja um vetor estratégico do desenvolvimento. Eu espero que o Labic Brasil contribua muito porque a gente está nesta transição”, declarou.

Segundo Fabiano Piúba, secretário de Formação, Livro e Leitura do MinC, o programa é fundamental para ampliar a compreensão das pessoas sobre o poder da cultura e das artes no fortalecimento da democracia. “Nós temos com esse projeto a possibilidade de nos tornarmos narradores para construir um mundo mais justo, mais solidário, compreendendo a singularidade das artes e da cultura nesta jornada”, disse.

Também compondo a mesa de debates, Maria Marighella, presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte) afirmou que a democracia no Brasil precisa estar sempre verificada. “Como dizia meu avô [Carlos Marighella], a democracia do Brasil tem um defeito de origem, porque ela tem um conteúdo de elites e precisa estar sempre verificada. Este projeto é um exemplo de como a arte e a tecnologia podem se unir para fortalecer a democracia e o engajamento cívico”, disse.

A íntegra das informações está disponível no site do Ministério da Cultura.

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