Em 2022, o resgate de trabalhadores em situação análoga à escravidão registrou o maior número, desde 2013, ano em que foram resgatados 2.808 trabalhadores; somente no ano passado foram encontradas 2.575 pessoas em situação semelhante ao trabalho escravo. As informações são do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

A partir disso, em 2022 o Brasil atingiu a marca de mais de 60 mil trabalhadores resgatados desde a criação dos grupos especiais de fiscalização móvel, base do sistema de combate à escravidão no país, em maio de 1995. Os números assustam e levantam novos alertas sobre como o Governo Bolsonaro piorou, ainda mais, as precárias condições de vida dos trabalhadores/as brasileiros, ampliando a terceirização e exploração do capital, com a reforma trabalhista, reforma da previdência, entre outras medidas de flexibilização e desestruturação dos órgãos públicos de fiscalização, a exemplo do Ministério do Trabalho extinto no primeiro dia de governo de Bolsonaro (1 de janeiro de 2019), e após várias pressões da sociedade recriado por Bolsonaro em julho de 2021, porém sucateado.

Fruto da precarização e aumento da exploração dos trabalhadores/as, mediante a conivência e incentivo do governo anterior, em conluio com empresários e patrões que visam ampliar o lucro em detrimento da vida das pessoas, no último dia 22 de fevereiro, 207 trabalhadores foram resgatados de um alojamento na cidade de Bento Gonçalves, na Serra do Rio Grande do Sul, local em que eram submetidos a condições degradantes de sobrevivência e trabalho análogo à escravidão durante a colheita da uva. O resgate dos trabalhadores foi realizado pela pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), MTE e Polícia Federal (PF).

A estarrecedora forma de escravidão moderna encontrada no Sul do país, vai na contramão dos princípios da luta pela terra e pela Reforma Agrária, que o MST realiza no país há mais de 39 anos, lutando pela democratização da terra, para a produção de alimentos saudáveis com a cooperação agrícola, a partir da criação de associações, cooperativas de produção coletivas e de comercialização. O dirigente do MST no Rio Grande do Sul, Cedenir de Oliveira, explica que o MST ao longo de sua história vem construindo um amplo debate sobre a cooperação agrícola, no estabelecimento de relações, por um lado, comunitárias e informais entre as famílias assentadas em processos de ajuda mútua, principalmente em grupos coletivos, com mutirões, trocas de dias de trabalho, entre outros, até um processo mais complexo, com a formação de diversas associações e cooperativas. “As cooperativas, na sua maioria, são cooperativas de comercialização, então, a relação que se dá com as famílias assentadas é a partir das relações de compra e venda dos seus produtos. A cooperativa articula as vendas no mercado convencional e nos mercados institucionais, como é o caso da merenda, o PAA  (Programa de Aquisição de Alimentos). Temos um amplo processo de acompanhamento às nossas cooperativas, de gestão para, a partir deste instrumento, elevar a venda desses produtos e é, evidente, trazer melhorias de vida para as famílias que se encontram assentadas”, comenta Cedenir.

A íntegra das informações está disponível no site Brasil de Fato.

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