Em 2006, um grupo de banqueiros e empresários criou o movimento Todos pela Educação, uma articulação do setor privado que se colocava à disposição de governos para construir projetos de parceria com o setor público e ofertar tecnologias educacionais. Com uma estratégia suave de atuação, esse movimento empresarial foi crescendo e se entrelaçando cada vez com o setor público. Eles elaboraram um diagnóstico, identificando uma série de problemas que existiam na organização e gestão do ensino público, e passaram a oferecer seus serviços para resolver esses problemas. Nos últimos anos, esse movimento vem ganhando cada vez mais espaço e, partir da derrubada da presidente Dilma Rousseff e agora da eleição de Jair Bolsonaro, vem aprofundando a ofensiva sobre recursos públicos até então destinados à educação pública. “Essa ideia de que a escola pública está em crise e que eles têm a solução para essa crise é algo que eles vêm costurando nos últimos dez, quinze anos para nos convencer e convencer a população de que a escola pública não funciona. Está sempre em greve, tem professores que ganham mal, os alunos não aprendem e eles têm soluções tecnológicas para resolver esses problemas” diz Liane Maria Bernardi, doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), professora aposentada da Rede Pública Municipal de Porto Alegre e integrante do Grupo de Pesquisa Relações entre o Público e o Privado na Educação.

Em entrevista ao Sul21, Liane Bernardi fala sobre como o processo de avanço do discurso da necessidade de estabelecer “parcerias” com o setor privado na educação anda de mãos dadas com o desmonte da educação pública e da ideia de um ensino voltado para a criação de um cidadão não crítico e consciente. “A ideia básica deles é ter um sujeito com o que eles chamam de competências emocionais e eu chamo de sujeito sob controle. O objetivo é ter pessoas tranquilas, socializadas, que não explodam em violência, apesar da miséria e da falta de direitos, e que desenvolvam competências básicas. Por isso, o enfoque tão grande no Português e na Matemática, e no desmonte das demais áreas do conhecimento como estratégia. Eles querem um sujeito que saiba minimamente ler, escrever, calcular e se submeter”, diz a pesquisadora.

A íntegra da entrevista está disponível no site Sul21.

0 respostas

Deixe uma resposta

Want to join the discussion?
Feel free to contribute!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *