Durante as férias escolares, o irmão mais velho de Claudia de Abreu Cabral costumava contar para ela histórias com fantoches feitos de papel machê. Os bonecos eram criados por ele, assim como as narrativas dos teatrinhos. Na época, Claudia não imaginava que seu irmão se tornaria um escritor famoso, visto como um dos mais conhecidos e importantes nomes da literatura brasileira e reconhecido internacionalmente. “Eu nunca tive essa dimensão de Caio famoso. Ele era apenas meu irmão, como continua sendo até hoje”, conta Claudia em entrevista ao Sul21, dias antes da data que marca os 23 anos de falecimento de seu irmão, o escritor Caio Fernando Abreu.

As histórias dos teatros para as irmãs eram somente o início da vida de escritor de Caio. Desde que começou a criar narrativas, o gaúcho nascido em Santiago do Boqueirão, em 1948, desenvolveu uma literatura que perpassava por diferentes tipos de textos, como crônicas, novelas, contos, romances e peças teatrais. Com narrativas que dialogam sobre os temas romance, sexo, censura, drogas, solidão, amizade, sentimentos, AIDS, costumes sociais, população LGBT, preconceitos e autoritarismo, Caio criou obras que se mantém atuais ao longo dos anos.

Mas foi longe da família e do interior do Rio Grande do Sul que Caio trilhou grande parte da sua trajetória como escritor. Em 1963, mudou-se para Porto Alegre para cursar o colegial. Foi por volta dessa época que conheceu Luis Artur Nunes, que viria a se tornar um grande amigo. “Nossa amizade data dos nossos inícios como artistas. Ele como escritor, e eu como diretor de teatro. Eu já estava ingressando na faculdade, no curso de Letras e Caio estava há pouco tempo em Porto Alegre. Foi uma amizade instantânea, de muita intimidade intelectual, muita troca, muita cumplicidade”, lembra Luis, que é diretor e escritor de obras teatrais – atualmente, ele dirige a peça Caio do Céu, sobre o amigo e sua obra, que estreou em 2016 no Theatro São Pedro.

A dramaturgia que acompanha Luis até hoje foi um importante elo na sua amizade com Caio. Além de terem escrito peças teatrais juntos, Caio atuou em espetáculos dirigidos por Luis, e o diretor também teatralizou alguns textos do amigo. “O Caio dramaturgo e autor de teatro é uma parte de mim”, conta. Foi a relação que Luis tem com o texto teatral de Caio que o levou a organizar, junto com o ator Marcos Breda, o livro ‘Teatro Completo – Caio Fernando Abreu’, publicado em 1997. Segundo o diretor, até então não existia uma publicação que reunisse todo o conteúdo de dramaturgia de Caio. Dessa forma, para criar a obra foi preciso que ele e Breda buscassem os manuscritos que foram deixados pelo escritor.

A íntegra da entrevista está disponível no site Sul21.

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