A Embrapa é a nova empresa pública na mira do desmonte promovido pelo governo federal em meio à crise política, econômica, ética e sanitária pela qual passa o Brasil. A denúncia foi feita pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (Sinpaf), na sexta-feira (11), após o presidente da estatal, Celso Moretti, declarar o início de uma reorganização institucional que vai demitir trabalhadores e abrir a empresa para a iniciativa privada.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) foi criada em 1973. Vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), é uma instituição científica com o objetivo de desenvolver tecnologias, conhecimentos e informações técnico-científicas voltadas para a agricultura e a pecuária brasileira. Desde o início da sua gestão, Bolsonaro e a ministra da Agricultura Tereza Cristina já nomearam diversos ruralistas para cargos de diretoria, conselho e presidência.

Na quinta-feira da semana passada (10), o diretor da Embrapa Tiago Ferreira anunciou o corte de 65% dos cargos comissionados, deixando os pesquisadores da empresa indignados. Posteriormente, o presidente Moretti explicou a remodelação em entrevista ao Estado de S. Paulo. Disse que a Embrapa vai adquirir independência do orçamento da União, reduzir pessoal e fazer parcerias com a iniciativa privada. “Ao anunciar uma ‘fantástica’ e imediata reorganização institucional, a Gestão Moretti propõe cortes drásticos para fazer jus a um orçamento combalido por conta de sua inércia administrativa”, critica o Sinpaf em nota. O sindicato destaca que a captação de recursos da iniciativa privada, por meio de um novo modelo de negócios, abre caminho para converter a Embrapa em uma grande corporação privada com “a criação de um amplo centro de serviços compartilhados, aliado a uma drástica redução de custos com vigilância armada, limpeza, água, energia e pessoas, essas últimas por meio de um eventual plano de demissão incentivada e pelo desligamento daquelas que forem completando 75 anos”.

Ressalta o fato da gestão Moretti “se gabar dessa proposta ter sido elaborada por uma empresa de consultoria, diga-se de passagem, regiamente remunerada com recursos ‘doados desinteressadamente’ pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a Organização das Cooperativas do Brasil (OCB)”. A falta de transparência no processo, segundo o Sinpaf, “evidencia a tentativa despudorada de transformar a empresa em um balcão de negócios”. O sindicato defende que o cerne da discussão sobre uma eventual necessidade de reorganização da Embrapa abarca uma questão central: debater qual o papel de uma empresa pública de pesquisa agropecuária.

A íntegra das informações está disponível no site Brasil de Fato.

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