Há quase cinco anos, Antônio dos Santos tornou-se cacique da aldeia kaingang Por Fi Gá em São Leopoldo, comunidade de 57 famílias que foram reassentadas para a área há pouco mais de uma década devido a obras da BR-386, que passavam pelo seu território anterior. Localizada no bairro Feitoria, a comunidade de oito hectares é uma das terras no Rio Grande do Sul consideradas reserva indígena pelo governo federal, a partir de demarcação realizada pela Fundação Nacional do Índio (Funai).
Em entrevista realizada na sede da Coordenação Técnica Local da Funai em Porto Alegre, o cacique falou dos diversos desrespeitos que os povos originários enfrentam no Brasil e demonstrou preocupação com a nova estrutura de governo. Com a retirada da atribuição de demarcação de terras da Funai pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL), os indígenas temem ter ainda mais dificuldades em garantir seus direitos. “Tanto o município quanto estado e a União são totalmente contra as reivindicações indígenas, a busca dos índios, a vivência da liberdade indígena. E isso nos incomoda”, afirmou Antônio.
O próprio local onde a entrevista foi feita mostra sinais de esvaziamento e falta de estrutura, com quatro funcionários para suprir toda a demanda, que versa principalmente sobre questões de direitos sociais e cidadania dos indígenas. Após as mudanças realizadas pelo novo presidente, os servidores ainda aguardam diretrizes específicas por parte do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, do qual a Funai agora faz parte.
Para Antônio, os direitos indígenas não são uma questão que envolve política, tratando-se de um direito originário previsto na Constituição que deve ser respeitado pelos governantes. “O governo deve muito para nós. Temos que sempre estar vivos, fortes e lutando para ter a nossa liberdade e garantia da nossa saúde e educação, e os governos têm que nos respeitar”, avalia.
A íntegra da entrevista está disponível no site Sul21.
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