Após um longo período de silêncio, o consórcio Cais Mauá do Brasil S.A. começou nos últimos dias a dar respostas sobre o andamento das obras de revitalização da área portuária de Porto Alegre. Em conversa exclusiva com o Sul21 na última segunda-feira (24), o novo presidente da empresa, Eduardo Luzardo, explicou que a revitalização irá começar com a liberação, ainda este ano, de instalações temporárias de lazer, entretenimento e gastronomia, chamadas de Marco Zero, que serão empregadas em uma estratégia para atrair investidores para realizar a restauração dos armazéns do antigo cais de Porto Alegre, sem prazo e ainda sem recursos.

Em 5 de dezembro de 2017, a Prefeitura de Porto Alegre entregou a licença de instalação ao consórcio Cais Mauá do Brasil S.A., autorizando o grupo a realizar as obras de revitalização dos antigos armazéns portuários da cidade. Três meses depois, em 1º de março de 2018, o governo do Estado assinou a ordem de início dos trabalhos, que começariam quatro dias depois, no dia 5. As obras, no entanto, nunca começaram. Foi iniciado um processo de limpeza da área, mas, em abril, foi deflagrada a Operação Gatekeeper da Polícia Federal para apurar desvios em fundos de investimentos com aplicações em projetos de construção civil. Um dos alvos da PF foi justamente o Fundo de Investimento em Participações Cais Mauá do Brasil, responsável por 90% dos recursos captados para o investimento nas obras do Cais Mauá.

Nessa época, o fundo era gerido pela Reag Investimentos, que encaminhou no segundo semestre do ano passado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) uma carta de renúncia da gestão do F.I.P. Em seu lugar, assumiu a empresa LAD Capital, especializada na gestão de ativos estressados, isto é, projetos com problemas, como é o caso do Cais Mauá, que estabeleceu uma nova política de governança interna, um novo conselho e apontou uma novo executivo para o consórcio. “Se tu pegar na área privada, tu tem empresas especializadas em pegar empresas cheias de problemas, arrumar elas e vender. Quem trabalha com ativo estressado tenta readquirir para a empresa credibilidade para trazer atratividade. Com atratividade, trazer investimentos”, explica Eduardo Luzardo.

O problema é que o governo do Estado, responsável por licitar a revitalização do Cais Mauá, e a Prefeitura de Porto Alegre, por dar as licenças ambientais, nunca admitiram que o projeto esteve em risco, inclusive de nunca sair do papel. É Luzardo quem admite isso pela primeira vez. “A LAD foi a única gestora que surgiu interessada nesse projeto. O que teria acontecido se não tivesse aparecido? A CVM teria extinto o fundo. Todo o dinheiro que teoricamente está lá, ia ser dado como não existente, acabou o fundo. Tu que trabalhou 20 anos na prefeitura perdeu o dinheiro. A LAD surgiu porque é especializada em ativos estressados, olhou como uma oportunidade. Pô, eu acho que é um projeto sensacional, acho que podemos recuperar esse negócio”.

A íntegra das informações está disponível no site Sul21.

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