“O principal desafio do momento que a gente vive é que a gente consiga construir atividades, ações e iniciativas que sejam perenes, profundas do ponto de vista do enraizamento do diálogo e da reconexão da esquerda com o povo. Nós não precisamos de eventos pontuais, que reunam pessoas e dispersem imediatamente. O momento político precisa de iniciativas perenes”. A afirmação é da militante Jessy Dayane, do Levante Popular da Juventude; mas a avaliação foi compartilhada por mais de 300 pessoas que se reuniram, neste 30 e 31 de março, na 3ª Conferência Nacional da Frente Brasil Popular, na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), em Guararema, interior de São Paulo.
A retomada das atividades do Congresso do Povo — iniciadas no ano passado em diversos municípios do país — foi enumerada entre as prioridades das mais de 60 entidades que compõem a frente, entre sindicatos, partidos políticos e movimentos populares. “O Congresso do Povo tem como objetivo desenvolver, através dos debates que os estados vão construir e suas proposições, enraizar o diálogo com a população e a Frente Brasil Popular. Com isso, queremos trazer informação política e elevar o nível de consciência do povo sobre o que está acontecendo em nosso país e no mundo e, quem sabe assim, reconectar a esquerda com o povo brasileiro, com as periferias e com os mais profundos rincões do Brasil. É isso que esse momento político exige”, analisa Dayane.
Frederico Santana Rick, integrante da coordenação nacional da Consulta Popular, avalia que o Congresso do Povo foi uma importante retomada do trabalho de base e de um horizonte estratégico das organizações que compõem a Frente Brasil Popular. “O principal ganho do Congresso do Povo foi animar um conjunto amplo de militantes que estava perdido e enfraquecido. Nesse sentido, ele causou num primeiro momento, quando foi apresentada a proposta, muita empatia e ânimo na militância”, afirma.
Ele defende que o Congresso do Povo é uma metodologia. E que ela parte da ideia de que a Câmara dos Deputados e o Senado Federal não representam, de fato, a população brasileira. “Antes de tudo, ele é essa ideia de que as pessoas devem ser escutadas, onde elas residem, trabalham e estudam, na ideia de se recolher quais são as saídas para o Brasil, para as crises social, econômica, política e problemas concretos que cada um vive. E nesse sentido, ele é muito mais uma proposta metodológica de trabalho, de como fazer esse trabalho de base, do que uma nova organização”, aponta.
Já Djacira Maria de Oliveira, militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no estado da Bahia, afirma que as propostas de destruição do sistema de proteção social, como a reforma da Previdência do governo de Jair Bolsonaro (PSL), mostra a necessidade do protagonismo do povo. “O Congresso do Povo foi exitoso onde a gente conseguiu consolidar os coletivos locais e municipais. E é essa retomada agora que vamos fazer para intensificar o debate de que a esquerda precisa fortalecer a unidade e o trabalho de base”, diz a militante sem-terra. “Hoje estamos vivendo uma distorção das informações. E o Congresso do Povo é o espaço para dialogar diretamente com a sociedade, com o povo, sobre esses problemas e essas propostas que estão sendo encaminhadas pelo governo federal e que cada vez mais vai degradando a situação do povo”, finaliza.
As informações são do site Brasil de Fato.
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