A Comissão Especial da Câmara dos Deputados que analisa a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 06/19, a chamada Nova Previdência, deve ter um relatório pronto para votação até o dia 15 de junho, dentro do cronograma elaborado pelo governo e pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM). A PEC 06/19 recebeu mais de 220 emendas com alterações, no entanto, existe uma “tropa de choque” leal ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) e ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que não mede esforços para aprovar o texto original da reforma.
Em média, os componentes do batalhão especial do governo declararam um patrimônio de R$ 1,9 milhão à Justiça eleitoral e salários de R$ 33.700, cerca de 26 vezes mais que a média dos trabalhadores que são chamados de “privilegiados” pelo governo – equivalente a R$ 1.300. A lista da tropa da choque do governo pelo desmonte da Previdência foi elaborada para o Brasil de Fato a partir de indicações de parlamentares dos partidos da oposição, advogados, deputados do “Centrão” e entidades de defesa dos aposentados.
Estão na lista os deputados: Darcísio Perondi (MDB-RS), Joice Hasselmann (PSL-PR), Vinicius Poit (Novo-SP), Major Vitor Hugo (PSL-GO), Paulo Eduardo Martins (PSC-PR), Marcelo Aro (PHS-MG) e Beto Rosado (PP-RN); e os senadores: Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), Fernando Bezerra (MDB-PE) e Marcelo Bittar (MDB-AC). “Quando a gente analisa o perfil dos parlamentares que encabeçam a defesa da reforma no Congresso fica evidente o interesse político ligado a esse processo e, por trás, os interesses dos setores econômicos. Por exemplo, os bancos que estão ávidos pela gestão do fundo destinado à Previdência”, analisa Iriana Cadó, economista da Unicamp e mestre em desenvolvimento econômico.
A tropa de Bolsonaro é composta por militar de carreira, filho de político com ficha-suja, senador investigado na Lava Jato por desvio de R$ 40 milhões, jornalista acusada de copiar 65 reportagens e médico veterano suspeito de cobrar pelo atendimento gratuito do Sistema Único de Saúde (SUS). “Os que defendem a reforma dizem que a Previdência funciona concentrando renda, tirando dos mais pobres e dando para os mais ricos. Ou seja, que existem os tais privilégios sobretudo no Regime Geral, de onde vai sair 80% da economia de R$ 1 trilhão que o Guedes está prometendo. Portanto, essa reforma seria necessária para diminuir distorções. Esse discurso é contraditório, porque no Regime Geral, a maioria dos benefícios gira em torno de um a dois salários mínimos. Uma pessoa que ganha R$ 1.300 não é privilégio”, afirma a economista.
Os parlamentares foram apontados como líderes da campanha em favor da reforma por conta dos seus comentários na comissão especial que analisa o projeto, pelas intervenções de apoio nas sabatinas do ministro Paulo Guedes e pela proximidade com o setor financeiro e com o governo Jair Bolsonaro. “Quando se olha a trajetória política desses parlamentares, quase todos estão envolvidos em diversos escândalos de corrupção, de desvio de verbas públicas, além de receberem salários muito superiores aos que recebem os trabalhadores. Não há uma preocupação verdadeira com as condições de vida da população brasileira ou no sentido de avançar de fato na diminuição da desigualdade social e redistribuição de renda”, finaliza Cadó.
As informações são do site Brasil de Fato.
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