O instituto de pesquisas chileno Termômetro Social publicou nesse domingo (3) uma pesquisa de opinião sobre a crise social e política. Uma das perguntas focou os principais problemas sociais existentes no país, que os neoliberais consideravam, até há pouco, a Suíça da América Latina ou o modelo neoliberal que deu certo.
As entrevistas citavam diferentes aspectos sociais e pediam para estabelecer em uma escala de 1 a 10 o nível de insatisfação com o tema. O que teve o pior resultado foi o sistema previsional chileno, indicado com nível máximo de insatisfação por 91%.
Vale lembrar que o sistema de previdência do Chile foi privatizado nos anos 80, durante a ditadura de Augusto Pinochet, e passou a ser administrado por empresas do setor financeiro, através de um modelo de capitalização individual. É exatamente esse modelo, que é repudiado pela quase unanimidade dos chilenos, que o ministro da Economia de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes pretende impor no Brasil.
A pesquisa mostra que as manifestações realizadas no Chile contam com altíssimo apoio popular: 85% das pessoas concordam com a mobilização e 56% afirmam já ter participado de ao menos um ato. Além disso, 80% das pessoas se disseram a favor da elaboração de uma nova constituição, que é considerada uma das principais demandas dos movimentos, dado que ainda está vigente a carta magna imposta pelo ditador Augusto Pinochet, em 1980. Os que disseram estar contra uma mudança constitucional foram apenas 7%. Além disso, 66% disseram considerar esta a questão política mais importante do país neste momento.
Outros aspectos sociais que também desmontam o mito do sucesso socioeconômico do neoliberalismo chileno: o segundo e terceiro itens que mais tiveram nível máximo de insatisfação foram saúde (89,4%) e educação (85,5%), respectivamente – e em ambos os casos, considerando tanto o acesso quanto a qualidade. A pobreza também foi citada como problema de mais alta prioridade para 81,6%, enquanto o custo de vida teve 79,6% de repúdio total.
Dos 14 aspectos perguntados, apenas um teve menos de 50% de citações, e foi uma má notícia para a extrema direita: a imigração foi citada como problema da mais alta importância para apenas 39,7% dos entrevistados.
As informações são do site da Revista Fórum.
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