A população negra no Brasil ainda sofre com condições desiguais no mercado de trabalho. Além do nível de desocupação maior, aqueles que conseguem uma vaga de emprego trabalham mais e recebem menos. A distância entre brancos e negros passa também pela escolaridade e por postos de trabalho ocupados – que influenciam, por exemplo, a mobilidade para cargos de chefia, liderança ou comando. A análise foi sistematizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última terça-feira (19).
Divididos por gênero, raça-etnia e região do país, os dados do segundo trimestre deste ano são traçados em um ponto a ponto em torno do racismo e machismo no Brasil. Uma mulher negra, por exemplo, precisa trabalhar 55 minutos a mais para recolher o mesmo que um homem branco ganha em uma hora. Já para os homens negros, o número é de 45 minutos a mais de trabalho. “Os dados comprovam um sentimento que está posto na sociedade de que existe uma desigualdade enorme no mercado de trabalho quando nós olhamos entre negros e não negros. Com o recorte também de gênero essa desigualdade se aprofunda ainda mais”, argumenta a economista Patrícia Pelatieri, coordenadora de pesquisas do Dieese.
O rendimento médio por hora trabalhada também apresenta desigualdades de gênero e raça-etnia. Enquanto a média entre os negros é de R$ 11 para homens e R$ 10 para mulheres. Para pessoas brancas é de R$ 19 para homens e R$ 17 para mulheres. “Em todos os estados do Brasil, os negros recebem menos do que os não negros. Em alguns lugares mais, em outros menos. Mas, a média é de 30% menos em comparação com os não negros”, comenta Pelatieri. “Olhando a evolução do rendimento, nós temos, entre 2014 e 2019, uma pequena melhoria para os negros na população ocupada total. Mas, na população ocupada com ensino superior há uma queda de 13% no rendimento, o que é bastante significativo. Ou seja, os postos de trabalho estão exigindo mais e pagando menos”, completa a economista do Dieese.
A íntegra das informações está disponível no site Brasil de Fato.
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