Nos últimos meses, lideranças das entidades representativas dos servidores da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros passaram algumas dezenas de horas na Praça da Matriz, nos corredores, gabinetes e plenário da Assembleia Legislativa, numa intensa mobilização em conjunta com outras categorias de servidores públicos, para tentar barrar o pacote de medidas enviado pelo governador Eduardo Leite (PSDB) ao Parlamento, propondo mudanças estruturais no plano de carreira dessas categorias. O resultado final deste processo, na semana passada, foi frustrante.
Para os servidores da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros, o resultado do pacote de Eduardo Leite aprovado na Assembleia representa a desvalorização e desconstituição das estruturas e carreiras de servidores de nível médio das instituições militares do Estado, com um achatamento dos salários, que privilegiou apenas os escalões mais elevados dos militares estaduais. Uma das consequências do pacote de Eduardo Leite, no curto prazo, deverá ser o aumento de pedidos de aposentadorias de profissionais das duas corporações, avalia Ubirajara Ramos, Primeiro Sargento, coordenador adjunto da Associação de Bombeiros do Rio Grande do Sul (ABERGS) e integrante do Fórum dos Militares Estaduais. “No Corpo de Bombeiros são cerca de 400 integrantes que estão hoje em atividade operacional ou administrativa e aproximadamente 1300 na Brigada Militar”, prevê o militar.
Em entrevista ao Sul21, Ubirajara Ramos fala sobre o impacto das medidas aprovadas na Assembleia Legislativa na semana passada para as categorias de bombeiros e policiais militares, alertando que as consequências serão sentidas pela sociedade em conjunto. “Esse pacote trará um prejuízo não só para o serviço operacional do dia-a-dia, que tem como tarefa salvar vidas, mas para a sociedade gaúcha como um todo. Quem aceitará arriscar a própria vida diante de uma instituição que não garante os direitos conquistados e com um salário que será congelado no mínimo por dez anos? Durante a campanha eleitoral, Eduardo Leite dizia que iria valorizar os servidores. Em momento algum ele disse, durante a campanha, que o problema era o servidor. Passada a eleição, ele começa a dizer que o problema do Estado é o servidor público. Mas ele está promovendo a retirada de direitos somente de servidores do Executivo, daqueles que mais trabalham e que mais arriscam a própria vida. É muito preocupante o que está acontecendo”, afirma o Primeiro Sargento.
A íntegra da entrevista está disponível no site Sul21.
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