Desde dezembro passado, agricultores do Estado convivem com a grave estiagem que tem ocasionado grandes perdas às lavouras gaúchas. Para piorar, desde março, a pandemia do novo coronavírus tem afetado não só a produção, como as cadeias de consumo. Concomitante a essas duas situações, entidades do setor apontam que está ocorrendo um processo de desmonte na Emater/Ascar, empresa do governo do Rio Grande do Sul responsável pela promoção de atividades de extensão rural.
Cecília Margarida Bernardi, representante da Emater no Semapi — sindicato que representa trabalhadores de fundações e empresas da administração indireta do Estado –, aponta que há três circunstâncias coexistentes: o programa de demissões voluntárias chamado de Plano de Desligamento Incentivado (PDI), um processo de reformulação da estrutura da empresa e uma negociação do acordo coletivo dos trabalhadores. Para ela, os três processos têm em comum o fato de a atual gestão do Emater adotar uma visão tecno-fiscalista que acaba, segundo ela, por não levar em conta o papel social desenvolvido pelos técnicos da instituição num trabalho de “pessoa para pessoa”.
“A direção, inicialmente, desconhecia essa realidade da casa, até parando com alguns serviços de relação direta com agricultores, pescadores artesanais, indígenas, quilombolas, produtores que estão em locais em que o acesso a serviços é muito baixo, e que a Emater acaba fazendo um trabalho que vai além da técnica em si. Vou te dar um exemplo, nós não vamos só organizar um curso de leite para produtor de leite, a gente trabalha os aspectos sociais da questão. A gente tem procurado, nestes anos de trabalho, aprimorar essa preocupação com o local onde ele mora, como ele comercializa seus produtos, como é a família, qual é o limite de pessoas que eles têm para tocar. Não é só uma técnica em si, inclui pensar desenvolvimento, pensar como essas pessoas podem gerar renda, mas também sobreviver, plantar seus alimentos, relações comunitárias. A gente tem várias atividades que promovem lazer rural, feiras locais, saneamento rural, água. Ao longo dos anos, com diferentes vertentes de pensamento, a Emater sempre trabalhou essa questão da matriz social”, diz.
A íntegra das informações está disponível no site Sul21.
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