Até os casos menos graves de covid-19 podem apresentar sequelas, de acordo com a presidenta do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), Lúcia Souto. Médica sanitarista e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ela destaca estudos que provam que a doença causada pelo novo coronavírus é multissistêmica e afeta não apenas o sistema respiratório, como se cogitou no início da pandemia, mas outros órgãos do corpo humano, como o sistema cardiovascular, neurológico, levando a ocorrência também de trombose, fadiga e dificuldades respiratórias, por exemplo.
“Tem uma série de consequências”, resume a presidenta do Cebes ao jornalista Glauco Faria ao falar de sequelas da covid-19. Na noite do último domingo (4), o atacante Raniel, do Santos, precisou passar por uma cirurgia para drenar um hematoma que teve na perna direita após apresentar um quadro de trombose venosa profunda. O jogador testou positivo para a covid-19 no dia 4 de setembro e, cerca de 15 dias depois, foi liberado para retomar os treinamentos. Segundo o chefe do departamento médico do clube, Ricardo Galotti, é possível que a trombose seja decorrente da infecção pelo novo coronavírus.
Lúcia observa que essa ligação entre o vírus e a trombose é de fato possível. “Há um aprendizado nesse momento, mas uma coisa está bem clara, até os casos menos graves podem apresentar essas sequelas. O que mostra a imensa responsabilidade que cada um de nós tem diante dessa doença que é uma doença grave”, afirma a médica sanitarista.
As sequelas
Até esse domingo, o Brasil já estava próximo de atingir 5 milhões de infectados. De acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), o país tem 4.915.289 casos confirmados do novo coronavírus. Lúcia alerta que, diante desse “número enorme” de infectados, mesmo que uma parcela pequena de recuperados desenvolva sequelas da doença, o impacto será grande. A previsão é que o Sistema Único de Saúde (SUS) seja também sobrecarregado por esses casos.
De acordo com o Ministério da Saúde, mais de 4,2 milhões de pessoas se recuperaram da doença. O dado, no entanto, indica apenas que elas deixaram o hospital, mas não se calcula qual a quantidade que apresentou sequelas da covid-19. De toda forma, de acordo com a presidenta do Cebes, é certo que, mesmo no pós-pandemia, quando os casos de fato diminuírem, as consequências da covid-19 vão se somar às outras doenças e tratamentos que foram alterados ou até mesmo interrompidos por conta da pandemia. O que demandará ainda mais investimentos no SUS.
A íntegra das informações está disponível no site Rede Brasil Atual.
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