Militante histórico do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Frei Sérgio Görgen tem observado em perspectiva a avassaladora estiagem em curso no Rio Grande do Sul. Desde a safra 1995/1996, desenvolveu o hábito de fazer anotações sobre as condições climáticas ano após ano para poder analisar a situação de modo amplo. Segundo seus estudos, até as décadas de 1960 e 1970, acontecia uma estiagem severa a cada 10 anos. Desde 1996, entretanto, a frequência tem sido de uma seca drástica a cada cinco anos, em média, acrescida de mais uma ou duas secas fortes intercaladas.
Frei Sérgio não tem dúvida em relacionar o fenômeno que atinge o RS na temporada 2021/2022 com o aquecimento global e a mudança climática do planeta Terra. E acrescenta um fator importante na sua observação específica dos estados do Sul do Brasil: o desmatamento das florestas e a destruição de banhados e restingas em sintonia com o avanço do agronegócio.
Segundo o autor de Agricultura Camponesa Familiar – Indispensável Para Reconstruir o Brasil, sem as formações naturais que retém umidade no solo, forma-se um sistema super seco que dificulta a entrada de frentes frias sobre o território dos estados do Sul. Essa frente fria então se desloca pelo oceano Atlântico em direção aos estados do Sudeste, indo causar chuvas intensas no Rio de Janeiro, Minas Gerais e, como aconteceu esse ano, no sul da Bahia. “Esta é uma das estiagens mais severas, amplas e duras para o povo”, afirma.
Sem chuva, os rios estão secando, as colheitas sendo perdidas, os animais ficando sem água. Em algumas localidades do RS, inclusive a água para consumo humano está sendo racionada. As plantações de milho, sorgo, feijão, mandioca, hortaliças e batatas, entre outras que garantem a subsistência dos pequenas agricultores, estão sendo todas perdidas. Nem a soja escapa da estiagem e terá perdas significativas.
Criações de suínos e aves igualmente sofrem pela falta d’água e de alimentos. O mesmo acontece com a produção leiteira, que está sendo fortemente atingida pela falta de pastagem e de água. “É uma situação dramática”, lamenta Frei Sérgio.
A íntegra das informações está disponível no site Sul21.
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