“Eu com oito, nove anos, já tive contato com caso de feminicídio na família. A minha tia foi assassinada pelo ex-namorado dela. Mexe bastante com a gente e nos faz pensar eventos como esse. Parabéns por ter tantas mulheres que lutam para que esse tipo de coisa pare de acontecer”, declarou uma das participantes do debate realizado pelo Levante Feminista contra o Feminicídio do RS, “Mortas, mas não esquecidas. Elas poderiam estar vivas?”, realizado na última quinta-feira (9).
O encontro que contou com a participação de 70 mulheres e alguns homens, trouxe depoimentos de familiares e amigas de vítimas de feminicídios, e de sobreviventes. Na ocasião foi divulgada a atualização do Dossiê: Feminicídios no Rio Grande do Sul.
Com média de quatro mulheres mortas por dia no Brasil por feminicídio, o país bate recorde de casos no primeiro semestre de 2022, conforme demonstra o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Em relação ao mesmo período no ano passado teve um aumento de 3,2% dos casos. Outra violência que teve alta foi o estupro de meninas e mulheres, com aumento de 12,5% em relação ao primeiro semestre de 2021.
No Rio Grande do Sul, os casos de feminicídios registrados de janeiro a novembro deste ano, já superam os registrados em 2022. Enquanto no ano passado foram 97 totais, até o momento o estado registra 100 mulheres mortas, de acordo com o Observatório Estadual de Segurança Pública do RS. “Ao mesmo tempo que as violências contra as mulheres e meninas aumentam no país o recurso destinado as políticas de enfrentamento à violência contra mulheres sofreu um corte no mesmo período. É urgente retomar e ampliar os recursos para a proteção das mulheres e meninas brasileiras”, destacam as integrantes do Levante Feminista. As participantes trouxeram relatos do machismo encontrado em seus respectivos ambientes de trabalho. O governo Bolsonaro cortou verba de ações para mulheres em até 99% no Orçamento de 2023. “Internamente esses quatro anos foram muito difíceis para as mulheres dentro da instituição. Nós perdemos o pouco espaço que nós tínhamos. Com relação ao combate da violência contra a mulher na esfera interna, eu tenho me empenhado bastante nessa área. Eu acho que como todas nós somos ou fomos vítimas de algum tipo de violência, seja institucional, doméstica, não escapamos, nenhuma de nós escapa”, afirmou Ana Cristina, policial rodoviária federal, formada em Letras, integrante do grupo de estudo em violência de gênero da OAB/Santa Maria e do Fórum Municipal de Enfrentamento a Violência contra a Mulher.
Com mais de duas horas, o debate contou com a participação de diversas entidades do estado, e também relatos sobre violência de gênero em suas mais diversas formas.
A íntegra das informações está disponível no site Brasil de Fato.
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