Com sua base de apoio debilitada, o presidente Jair Bolsonaro pode sair ainda mais frágil caso as manifestações de seus apoiadores, no próximo domingo (26), não reúna uma massa significativa de pessoas. Essa é a avaliação do sociólogo e professor da Universidade de São Paulo (USP) Wagner Iglecias. Ele ainda alerta para o possível perfil dos manifestantes, que pode ampliar ainda mais a desconfiança sobre o governo.
Apesar de acreditar que Bolsonaro ainda pode convocar muitas pessoas às ruas, o sociólogo cita como exemplo de iniciativa similar mal sucedida a convocação feita por Fernando Collor quando, em 1992, o então presidente, àquela altura acuado por uma forte crise econômica e escândalos de corrupção, sugeriu que a população saísse às ruas com as cores da bandeira em defesa de sua gestão. “É impossível não lembrar da convocação que o Collor fez pedindo que as pessoas saíssem de verde e amarelo. No final, as pessoas saíram de preto. Aquilo foi a pá de cal do governo, que não tinha apoio da imprensa, dos empresários e do Parlamento. Se as ruas não corresponderem, a viabilidade política (do governo Bolsonaro) ficará ainda mais frágil”, alerta Iglecias, em entrevista aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, na Rádio Brasil Atual.
Movimentos de direita como o MBL e o Brasil 200, este formado por empresários bolsonaristas, sinalizam que não estarão nas ruas junto com os apoiadores do governo. “Ele já tem desconfiança dos empresários, menos apoio da classe média, editoriais negativos da imprensa, então, se não colocarem a “massa” na rua, será o sinal de fraqueza. É uma jogada de alto risco do Bolsonaro”, afirma o professor.
Wagner também diz que o aspecto qualitativo do perfil dos manifestantes que estão nas ruas é importante. Para ele, caso as manifestações sejam dominadas por pessoas que defendem o fim do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF), a classe empresarial pode pular do barco do governo. “Uma maioria de pessoas mais extremadas pode causar ainda mais desconfiança por parte dos investidores. Uma manifestação que coloca nas ruas muitas pessoas carregadas de ódio piora a impressão sobre o governo como quem se apoia em uma base muito extrema. Um governo de viabilidade política é heterogêneo”, acrescentou.
As informações são da Rede Brasil Atual.
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