A democracia é o governo do povo, pelo povo, para o povo.

Abraham Lincoln

As manifestações do dia 26 de maio devem ser analisadas com grande cautela a fim de entendê-las sem o uso do pedantismo ou superficialidade. As pautas que foram defendidas no dia 26 tem entre elas uma de caráter impopular: a reforma da previdência (o que denota um ineditismo nessa manifestação como ressaltou o jornalista Caio Copolla) e uma de caráter apelativo ao senso de justiça contido no povo refiro-me ao pacote anticrime do Ministro Sergio Moro. As outras pautas eram a CPI da Lava toga e a MP 870, esta última importantíssima para a estabilidade estrutural e organizacional do governo e que já foi aprovada resultando em uma vitória importante para o presidente Jair Messias Bolsonaro. Criticada pesadamente por grupos de direita como o MBL (Movimento Brasil Livre), membros da base aliada do Governo como a deputada estadual do PSL (Partido Social Liberal) pelo estado de São Paulo Janaina Paschoal e por vários jornalistas, a manifestação revelou um povo que decidiu tornar-se agente da mudança que outrora esperava passivamente do governo. Por muito tempo o povo só ganhava protagonismo em tempos de eleição para depois serem esquecidos pelos representantes eleitos; parecia que uma carta branca era entregue aos funcionários do povo (políticos) para exercerem seu papel como melhor lhes parecia sem deverem explicação àqueles que lhes haviam escolhido. Essa massa que foi às ruas foi retratada de maneira pérfida por muitos membros da imprensa, mas como escritor Bruno Garschagen diz em seu livro Pare de Acreditar no Governo: “Ao se posicionar contra a política do Estado-babá nos termos estabelecidos pelos seus patrocinadores corre-se sempre o risco de ser visto como uma pessoa maléfica, que não pensa nos outros e trabalha contra os mais pobres, contra uma sociedade melhor, mais justa, mais saudável, mais igualitária (grifo meu). As pessoas, em sua maioria, foram às ruas por acreditar que as pautas representam o começo de mudanças positivas para o Brasil. O povo resgata um protagonismo que é necessário para que a própria democracia permaneça estável, o que não significa que isso denota ameaça aos três poderes, pelo contrário, significa que um grupo cada vez maior de pessoas busca cobrar da classe politica resultados palpáveis e visíveis no cotidiano. O povo é responsável pela retidão moral e ética como também pelo funcionamento adequado das instituições, como nos revela Garschagen no mesmo livro citado anteriormente: “Ao nos colocarmos na posição de agentes não responsáveis pelos políticos que existem e foram eleitos, e pela existência e funcionamento das instituições, renunciamos ao papel de atores fundamentais para o florescimento do país.”

O grande escritor e jornalista Joao Ubaldo Ribeiro em seu livro Politica-Quem manda, por que manda e como manda afirmou e com esse trecho encerro este artigo:

Se não gostamos do comportamento dos políticos e do funcionamento do sistema e não fazemos nada quanto a isso, estamos sendo políticos: estamos contribuindo para a perpetuação de uma situação política indesejável ou inaceitável.

Carlos Alberto Chaves P. Junior – jrchavesespanhol@gmail.com


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