A situação das barragens no Rio Grande do Sul foi tema de uma audiência pública, na última segunda-feira (3), na Assembleia Legislativa. A audiência foi uma iniciativa da Subcomissão de Barragens da Comissão de Saúde e Meio Ambiente da AL, que produzirá um relatório apontando os gargalos e propondo soluções na área de segurança de barragens. Durante a audiência, foram pontuadas questões importantes a serem consideradas para que o RS avance na área de segurança das populações atingidas e ameaçadas por barragens, inclusive com a entrega para o presidente da Subcomissão de um relatório elaborado pelo MP-RS, que traz recomendações sobre segurança de barragens.
Nas falas, foi ressaltada a importância da participação social no processo de elaboração e execução dos planos de segurança. De acordo com a SEMA, o exercício da participação social é um limite da Política Nacional de Segurança de Barragens (Lei N° 12.334/2010), a qual não prevê os responsáveis pela execução e gestão da participação social para que de fato ocorra.
Segundo Robson Formica, da Coordenação Nacional do MAB, é preciso garantir à população o direito de acesso à informação de forma ampla, pois, por mais que se confirme a segurança estrutural das barragens, o povo precisa ter conhecimento disso. Nesse contexto, os órgãos do Estado tem o dever de se pronunciar e promover debates, até mesmo para contrapor possíveis notícias falsas.
Segundo o advogado Leandro Scalabrin, membro do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), é preciso reforçar a importância do debate da segurança do povo, para além das estruturas em si, sendo de responsabilidade das empresas donas das barragens. Scalabrin também apontou para o risco de novos rompimentos de barragens no Brasil, já existindo indícios concretos, como é o caso da barragem da Lomba do Sabão, em Porto Alegre, da prefeitura e Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE), com uma estrutura de mais de 40 anos, estando abandonada e sem nenhuma manutenção.
Das barragens do Rio Uruguai, em 2006, a hidrelétrica de Campos Novos (SC) teve um vazamento de grandes proporções, obrigando o consórcio a esvaziá-la para realizar o conserto. Já no ano de 2014, a barragem de Foz do Chapecó (SC) teve metade do muro central do vertedouro arrancado pelas cheias e, em 2017, uma nova cheia causou rachaduras na estrutura. Scalabrin também ressaltou para a violação sistemática de 16 direitos humanos na construção de barragens no Brasil, apontados pelo Relatório Final da Comissão Especial “Atingidos por Barragens” do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH). Dentre eles, está o direito ao trabalho e a um padrão digno de vida, tendo em vista, por exemplo, que muitos pescadores/as do Rio Uruguai já não conseguem viver da atividade pesqueira, pela redução drástica da quantidade de peixes, com consequências econômicas no sustento das famílias e nos modos tradicionais de vida.
As informações são do site Sul21.
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