A deficiência do grafiteiro Rafael Santos, de Brasília (DF), está contida em seu nome artístico, Odrus – a palavra surdo escrita ao contrário. “A minha arte tem um personagem que reflete a minha identidade. É um rosto com uma orelha maior. Por que uma orelha grande? Porque eu sou surdo”, explica. O grafite foi o meio de expressão que lhe garantiu inclusão e mudou sua vida. “Antes eu estava perdido, no caminho errado. A arte me salvou”, garante ele, que tem mais de 20 anos de carreira e já levou seu trabalho para a Europa e Estados Unidos. No último sábado, 21 de setembro, foi celebrado o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, instituído pela Lei nº 11.133/2005. A data visa conscientizar a respeito do desenvolvimento de meios de inserção das pessoas com deficiência na sociedade. O Ministério da Cultura (MinC) desenvolve uma série de iniciativas para promover o acesso, protagonismo e a visibilidade deste grupo.
Resultado da parceria entre a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e o MinC, por meio da Secretaria de Formação Livro e Leitura (Sefli), o Mapeamento Acessa Mais busca reconhecer a participação e a contribuição de pessoas com deficiência na cultura. Lançada em abril deste ano, a iniciativa percorreu as regiões do país para construir um mapa de artistas e profissionais com deficiência que atuam em diversas áreas do setor artístico e cultural como artesanato, artes visuais, audiovisual, circo, dança, literatura, música, performance, teatro e cultura popular. As inscrições estão abertas até dezembro na chamada Cultura DEF. O projeto também planeja colaborar na construção de políticas públicas voltadas a artistas e agentes culturais com deficiência e profissionais da acessibilidade cultural.
“O Mapeamento Acessa Mais aponta uma mudança de paradigma em relação à produção cultural de pessoas com deficiência. O que iniciou com as políticas visando a inclusão, desenvolveu-se para a importância e garantia do direito inquestionável à acessibilidade. Agora entramos definitivamente na afirmação e reconhecimento da participação de artistas e agentes culturais com deficiência na construção da cultura do Brasil”, comenta o coordenador geral do projeto Mapeamento Acessa Mais, o professor, ativista, pesquisador e doutor pela UFBA, Eduardo Oliveira, o Edu O.
A coordenadora de Acessibilidade Cultural da Sefli, Aline Zeymer destaca a relevância da ação e seu impacto. “O cadastro nacional de artistas e agentes culturais com deficiência e de acessibilidade cultural é importantíssimo para assegurar o protagonismo e o direito das pessoas com deficiência no fazer cultura. Além de evidenciar as potências já existentes neste ramo, será possível identificar onde é preciso haver mais políticas públicas de formação para este público”.
A íntegra das informações está disponível no site do Ministério da Cultura.
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