Ver o que é injusto e não agir com justiça é a maior das covardias humanas.  — Confúcio.

Escrevo com imensa tristeza este artigo, melhor, desabafo. Eu me considero um homem com imenso apego a palavra democracia; palavras carregam ideias e imagens sociais dignas de estudos acadêmicos, de belos poemas, discursos apaixonados, como também, das guerras mais sangrentas. Esse vocábulo tem em sua base duas palavras gregas: DEMOS, que significa “povo, distrito” e KRATOS “Domínio, poder”, o que nos traz como significados “poder do povo” ou “governo do povo”. Cabe a pergunta: a que povo a democracia serve? Aos doutos? Aos ricos? Aos oráculos do Logos divino?

Quis custodiet ipsos custodes? Quem vigia os vigilantes?- tradução livre

O poeta romano Juvenal como todo grande artista se eternizou através do seu legado artístico, talvez seja esta a imortalidade tão sonhada por religiosos ou filósofos teístas e a única que é passível ao homem realizar, e essa sua frase reflete o mais ardoroso questionamento que me faço: se não pode a nação contar com os guardiões das leis, com quem poderá contar?  A dama cega da justiça (Têmis ou a Lustitia romana) é violada, amputada e vilipendiada diante da nação por aqueles que deveriam ser seus sacerdotes e mensageiros, arautos de sua vontade.

O supremo tribunal federal (seis votos contra cinco) destrói a operação lava jato em um momento onde o povo mais clama por justiça. Algozes da nação, condenáveis não pela lei, mas pela ética. Marco Aurelio, Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Lewandowski, Celso de Melo e Dias Toffoli reforçam o dito pelo grande Rui Barbosa:

A pior ditadura é a ditadura do Poder Judiciário. Contra ela, não há a quem recorrer.

O judiciário se tornou uma força de oposição paralela ao governo democraticamente eleito, uma oposição não eleita por cidadãos e que age segundo interesses ideológicos.

A ditadura perfeita terá a aparência da democracia, uma prisão sem muros na qual os prisioneiros não sonharão sequer com a fuga. Um sistema de escravatura onde, graças ao consumo e ao divertimento, os escravos terão amor à sua escravidão. – Aldous Huxley.

Entorpecidos pelo hedonismo da sociedade líquida e por seu consumismo, a maioria dos cidadãos se tornam meros figurantes no palco da vida. A democracia morre diante de aplausos de alguns, do silêncio de poucos e dos gritos de muitos. George Orwell e Aldous Huxley não escreveram uma distopia mais complexa que a realidade brasileira.

Carlos Alberto Chaves Pessoa Junior
Profesor de español/ English teacher
Articulista , palestrante e critico literário

Carlos Alberto Chaves P. Junior – jrchavesespanhol@gmail.com

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