O presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse nesta segunda-feira (29) saber as circunstâncias de um crime cometido pela ditadura militar e nunca esclarecido. Ao atacar o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, por supostamente rejeitar que a Polícia Federal quebrasse o sigilo telefônico dos advogados de Adélio Bispo, Bolsonaro disse que sabe como o pai dele desapareceu na ditadura. “Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, conto pra ele. Ele não vai querer ouvir a verdade. Conto pra ele”, disse. “Não é minha versão. É que a minha vivência me fez chegar nas conclusões naquele momento. O pai dele integrou a Ação Popular, o grupo mais sanguinário e violento da guerrilha lá de Pernambuco e veio desaparecer no Rio de Janeiro”, complementou.
Fernando Augusto Santa Cruz de Oliveira, pai de Felipe, desapareceu em fevereiro de 1974 depois de ser preso com um amigo por agentes do DOI-CODI no Rio de Janeiro. Ele estudava Direito, trabalhava para o Departamento de Águas e Energia Elétrica, em São Paulo, e era integrante do grupo Ação Popular Marxista-Leninista.
No entanto, relatório da Comissão da Verdade apontou que não existiam registros de participação de Fernando na luta armada. Pelo contrário, destacou que ele tinha emprego e endereço fixos quando desapareceu, o que configura que não estava clandestino ou foragido. O presidente da OAB tinha dois anos quando o pai desapareceu. No livro “Memórias de uma guerra suja”, publicado em 2012, o ex-delegado Cláudio Guerra afirma que o corpo de Fernando foi incinerado no forno de uma usina de açúcar em Campos (RJ).
A respeito do caso Adélio, Felipe emitiu nota em junho dizendo que Bolsonaro atacava a OAB a partir de uma mentira, muitas vezes desmentida, de que a ordem seria responsável por proteger o sigilo telefônico.
As informações são do site Sul21.
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