Às 19h desta sexta-feira, o drama queniano Rafiki, uma releitura da trama de Romeu e Julieta com um casal de lésbicas, será exibido no espaço cultural Fora da Asa (José do Patrocínio, 642 B). Esta é a primeira de uma série de atividades previstas para serem realizadas em agosto como parte da Jornada Lésbica Feminista Antirracista de Porto Alegre. Ao todo, serão 13, entre saraus, audiências públicas, oficinas de saúde, rodas de conversa, festas e um ato previsto para acontecer na Esquina Democrática, no centro da cidade, em 29 de agosto, o Dia da Visibilidade Lésbica. A jornada, que ocorreu pela primeira vez em 2007, chega a 6ª edição em 2019, mas não era realizada desde 2013.
Esther Alessandra Alves de Souza, da Liga Brasileira de Lésbicas (LBL/RS), destaca que os movimentos e coletivos que estavam por trás das primeiras edições perceberam que havia uma lacuna deixada pela jornada desde 2013 e decidiram retomar o evento, que está sendo organizado desde junho, com a mobilização sendo chamada pelas redes sociais. “O objetivo é mostrar que a gente é um ser político e que precisa se articular cada vez mais, principalmente agora nesse cenário político que a gente está enfrentando”, diz Esther.
Bárbara Gonçalvez Hesseln, do coletivo Ateneu Libertário A Batalha da Várzea, destaca que, mesmo dentro do movimento LGBT, as lésbicas e, sobretudo as trans, ocupam um espaço quase “escanteado”, pois a visão predominante ainda seria do homem gay, branco e cis. Ela atribui isso ao fato de que, historicamente, o lugar das mulheres sempre foram os espaços privados. “Foi uma caminhada de anos dentro do movimento para se fazer visível na rua”, afirma. “Somos mulheres, então já começa por aí. Em todo o espaço que a gente estiver, isso vai ocorrer”, complementa Fernanda Ribas, do movimento 8 de Março – Greve Internacional de Mulheres (8M/GIM).
Para Fernanda, a discriminação é ainda maior quando se fala de mulheres negras e de periferia. “Que espaço essa mulher lésbica vai ocupar se ela está sempre à margem, se essa invisibilidade já vem de muito tempo? E ainda tem essas disputas de espaço, que é o do G, que é do T, e a gente acaba ficando por trás disso. O movimento lésbico está sempre na luta para garantir o seu espaço”, diz.
As ativistas destacam que a questão da invisibilização não se trata apenas de uma “disputa por espaço”, mas de uma dificuldade em colocar pautas importantes para essa população. Elas destacam, por exemplo, que ainda é muito forte o tabu de que as medidas de saúde e de prevenção relacionadas ao sexo são necessárias apenas para mulheres em relações heterossexuais, ignorando que há sim a necessidade de cuidados a serem tomados em relações lésbicas. “Os médicos e médicas não estão preparados. Não tem uma camisinha específica que seja difundida. Geralmente, vão te dar um anticoncepcional e uma camisinha masculina, o que é uma coisa heteronormativa. E, geralmente, quando a mulher se sente confortável em dizer que é lésbica, dizem que não precisa fazer o preventivo, porque só se considera sexo aquilo que tem a penetração peniana. Já vi caso de meninas que não foram encaminhadas para exames que devem ser feitos independentemente de ser heterossexual ou não”, diz.
A íntegra das informações está disponível no site Sul21.
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