Com a participação de apenas um consórcio e arrematado com valor abaixo das avaliações de mercado e das estimativas iniciais do governo federal, a Lotex foi vendida. Esse foi mais um passo para a privatização da Caixa. Em sua sétima tentativa de vender a Lotex, conhecida como raspadinha, o governo federal conseguiu privatizar a empresa, na terça-feira (22) iniciando o fatiamento de uma das instituições mais antigas do país.
O consórcio Estrela Instantânea, único participante do leilão, arrematou a empresa com um lance de R$ 96,969 milhões para a parcela inicial. Apenas R$ 1 mil acima do valor mínimo estipulado pelo Ministério da Economia e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES). O consórcio terá a Lotex nas mãos por 15 anos. “Esse é o primeiro passo do fatiamento que o governo pretende impor à Caixa. A Lotex foi o primeiro passo e consequentemente a gente acredita que o governo vai querer pôr em prática as outras privatizações que ele vem anunciando, como cartões, seguros, a gestão de ativos”, afirmou o vice-presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Sérgio Takemoto.
A privatização representa uma perda gigantesca para os brasileiros. O valor arrecadado com as Loterias era reinvestido pela Caixa nas áreas de seguridade social, esporte, cultura, segurança pública, educação. Em 2018, a arrecadação total das loterias chegou a R$ 13,9 bilhões. Desse valor, R$ 5,19 bilhões foram para destinação social, cerca de 37,4% do total arrecadado.
Com a venda, a nova regra dispõe que apenas 16,7% do faturamento das operações devem ficar com o governo, que faz a destinação aos beneficiários sociais. Para a representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa, Rita Serrano, quem mais perde com essa venda é a população. “O desfecho, com a venda da Lotex, caracteriza o que já denunciamos há tempos: há um fatiamento com vistas à privatização das operações do banco público, diminuindo seu papel, representando uma imensa perda para o desenvolvimento do país. Agora eles estão atuando para privatizar, no próximo período, o conjunto de loterias. A perda para a população é grande”, afirmou.
O consórcio é formado pela italiana International Game Techology (IGT) e pela norte-americana Scientific Game International (SGI). Juntas, as duas empresas detêm 80% de participação no mercado de loterias do mundo. O valor total da outorga a ser paga para à União será de R$ 817, 9 milhões a ser pago em oito parcelas anuais, corrigidos pela inflação.
A íntegra das informações estão disponíveis no site da Fenae.
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