O aumento de mortes e de pessoas contaminadas pelo novo coronavírus em Porto Alegre, constatado desde meados de junho, trouxe à tona o debate sobre a estratégia de testagem em vigor na Capital. Desde que a doença se espalhou pelo mundo, a principal lição oferecida pelos países que conseguiram controlar o contágio foi o uso massivo de testes seguido pelo rastreamento dos contatos de quem testa positivo. Tal combinação possibilitou que o ciclo de contaminação fosse quebrado, diminuindo então a quantidade de novas vítimas.
No dia 27 de abril, o prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB) anunciou que a cidade começaria a fazer até 580 testes de RT-PCR por dia para identificar casos de covid-19. O aumento da capacidade seria fruto de parcerias com a Santa Casa (30 testes), o Hospital Moinhos de Vento (100), Grupo Exame (150) e Peritos Lab (300). O teste de RT-PCR detecta o vírus ativo no corpo e é o mais indicado para diagnosticar e isolar as pessoas contaminadas.
Naquele dia, o prefeito citou a Coreia do Sul como exemplo a ser seguido para controlar a disseminação do novo coronavírus. “A gente dividiu a população da Coreia do Sul, 51,47 milhões, pelo número de testes feitos em 70 dias. A Coreia testou 7.323 pessoas (em duas semanas). Nossa meta é testar 5,6 mil, isso dá 400 pessoas por dia”, explicou Marchezan, na ocasião.
No início de maio, a Prefeitura anunciou que começaria a testar todas as pessoas que apresentassem sintomas, independente da necessidade de hospitalização ou não. A orientação segue em vigor até hoje. Todavia, diante do aumento da contaminação na cidade, há quem pense que tal medida não é mais suficiente e que o ideal é testar toda pessoa que tenha contato com um caso confirmado. A justificativa é que mesmo pessoas sem sintomas podem estar contaminadas e então, contaminar outros indivíduos. Outra hipótese é a pessoa ser pré-sintomática, ou seja, ainda não apresentou sintomas, mas igualmente já pode contaminar outros contatos. “Testar só quem tem sintoma é o problema”, exclama Ana Paula de Lima, coordenadora adjunta do Conselho Municipal de Saúde (CMS). “Qual seria a justificativa? Não ter testes suficientes. Mas se tem 100 mil testes não usados…então a Prefeitura está segurando os testes por quê?”, questiona.
A dificuldade em ter acesso às informações e em compreender a estratégia de testagem na cidade tem desagradado os integrantes do Conselho Municipal de Saúde de Porto Alegre (CMS-POA). “As informações não fecham, não tem como analisar os dados”, lamenta Ana Paula.
A íntegra das informações está disponível no site Sul21.
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