Uma pesquisa realizada em conjunto pelos professores Maurício Guidi Sauressig e Jair Ferreira, de Medicina, Cristiano Hackmann, de Matemática, e Carlos Schönerwald, de Economia, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS) projeta que Porto Alegre deverá atingir o pico de pacientes de covid-19 internados simultaneamente em leitos de UTI entre o final de agosto e meados de setembro. A partir dali, iniciaria uma queda gradual que atingiria, em novembro ou dezembro, os índices registrados em abril e maio deste ano e chegaria a zero, ou próximo disso, em fevereiro de 2021.
Segundo Schönerwald, a pesquisa trabalha com o modelo epidemiológico SEIHDR (Suscetível, Exposto, Infectado, Hospitalizado, Morto, Recuperado), que leva em conta o número de pessoas suscetíveis a serem infectadas por um determinado vírus, típico em epidemias. “O que acontece durante o ciclo epidêmico? Existe uma população que é suscetível, ela se torna infectada, muitas são hospitalizadas, algumas resultam em casos mais graves, e dessas que são hospitalizadas nós temos os que se recuperam, as que vão para a UTI e acabam se recuperando e as que vão à óbito. Quando você fecha o ciclo epidêmico dessa população, que vai do suscetível até o recuperado e os óbitos, o vírus vai tendo mais dificuldade de encontrar o hospedeiro”, explica.
Em outras palavras, é um modelo que prevê quando será atingida a chamada “imunidade de rebanho”, isto é, quando uma grande parcela da população já está imune por já ter se contaminado e o vírus deixa de circular ou passa a circular em menor intensidade. Ele destaca que não se sabe ainda exatamente qual é o nível de contaminação que irá resultar na imunidade de rebanho real na pandemia de Sars-Cov-2. Para efeitos da pesquisa, foi calculado o índice de 55% da população contaminada.
Neste sentido, pontua que a pesquisa não trabalha apenas com o número de pessoas que testaram positivo para prever a taxa de contaminação na cidade, mas também leva em conta projeções de subnotificação. “Nós temos que levar em consideração que, pelo número de óbitos que vêm ocorrendo, pelo número de hospitalizações e internações que estão ocorrendo, não existem somente 8,7 mil pessoas infectadas (número informado pela Prefeitura no dia da entrevista ao Sul21). Isso a gente sabe que não é. Então, o que a gente trabalha nos nossos modelos, e é o padrão nos modelos SEIHDR, é que vai ter um momento que o vírus vai ter dificuldade de achar um novo hospedeiro. Então, na medida que a população que já foi infectada está recuperada e não mais é infectada pelo vírus, naturalmente você vai tendo um decréscimo no número de infectados, exatamente porque você já tem uma parte da população que já contraiu o vírus e já está imunizada contra uma reinfecção”.
Neste sentido, a avaliação é de que seria necessário atingir entre 30% e 40% da população de Porto Alegre infectada para que a taxa de internações começasse a reduzir, o que deverá, segundo a pesquisa, ser alcançado a partir do final de agosto.
A íntegra das informações está disponível no site Sul21.
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